segunda-feira, 9 de setembro de 2024

 


ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

 

A tarde tende a moer meus pensamentos.

Cada rajada de calor abotoa as palavras em seu casulo

e seus significados permanecem obscuros...

Tão obscuros que não consigo definir o barulho da torneira que pinga

nem do vento que mastiga a fumaça e sopra a fuligem,

orquestrando um bailado sem música.

Sozinha com minhas ideias penso na felicidade:

seria ela este silêncio que mastiga minha voz

ou a imagem forasteira da casca que exibe os pomos,

mas esconde o sumo da alma...

aquela centelha de verdade que pouco se mostra?

Olho para o céu e vejo pássaros na fluidez das nuvens:

eles também me olham e vão se desfazendo... aos poucos...

Quando menos espero, já se transformaram em coelhos

ou figuras abstratas que mais lembram uma obra de Kandinsky.

Volto a pensar na felicidade.

O que seria mesmo esse estado de plenitude,

em que o sofrimento não teria pouso?

Fecho os olhos e desenho um lugar na mente,

mas ele não segura as cores...

... as formas vão aos poucos entortando

e alguns borrões crescem sobre a minha tela.

Confusa, agarro o momento... só ele é real.

É! Acho que a felicidade virá, talvez, no próximo poema.

 

Basilina Pereira