DESCUIDO
Procuro uma embalagem para a minha alma.
Se eu a encontrar hoje,
pode ser do tamanho pequeno
porque ela está bem minguada.
Normalmente esbanja robustez e saúde,
acredita nas vozes de perto e de longe,
nos sorrisos que brotam em meio à neblina
e até nas coisas que não fazem sentido.
Como é bom acreditar!
Pensar que o sol vai retornar amanhã
e a porta do coração deve estar sempre aberta
para os pássaros que procuram abrigo.
Talvez eu tenha subestimado o vento que açoita por dentro
e imaginado que ali fosse um compartimento seguro
onde a dor física não conseguisse chegar.
Por isso deixei as chaves brincando na chuva,
não troquei o segredo das distâncias
mais um descuido...um lapso
de uma vida alagada por grandes perguntas.
Basilina Pereira
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