quinta-feira, 29 de junho de 2017

LAPIDÁRIO

LAPIDÁRIO

Viver é colocar à prova a resistência da pele,
evitar o que perfura a textura mais crua
e enfrentar a fúria dos ventos,
como quem sabe domar o vendaval.
E quando a tarde se fizer calmaria,
retirar a cinza dos olhos,
depois de acariciar o imo da alma,
feito o poeta que lima o verso atrás da poesia.
Nem tudo que fere resulta em cicatriz,
o mesmo fogo que queima,
em mãos hábeis,
transforma, lapida e aquece.


Basilina Pereira

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