quinta-feira, 10 de março de 2016

VERSOS DE LUZ



VERSOS DE LUZ

Uma face escolhe o espelho
onde outros rostos não virão beber
a emoção que jorra sem pedir licença
cada vez que os olhos veem  atrás do além.

A cor que um dia os girassóis bordaram
num crepúsculo de ouro e sangue acelerado
ainda queima em lembrança viva
na fronte avermelhada da flor sem jardim.

Bocas e dentes guardam fronteiras
onde o sorriso um dia eclodiu e bailou
ao som de palavras que cruzam o tempo
e semeiam versos vestidos de luz.

Basilina Pereira

segunda-feira, 7 de março de 2016

POEMA MATINAL


POEMA MATINAL

Assim: do nada,
o silêncio vai assoprando
as imagens que brotam da imaginação.
O pensamento corre tão célere que, a custo,
as palavras encontram a roupagem que vestem.
No compasso das horas, a manhã sonolenta
vai descobrindo cores risonhas,
cuidando para que tons acres
não se sobreponham à curva do sorriso.
A película entre um minuto e outro é a medida certa:
ao olhar duas vezes para o mesmo ponto,
a luz se mostra com mais clareza.

Basilina Pereira

sexta-feira, 4 de março de 2016

A COR DO POEMA



A COR DO POEMA

Não sei fazer versos grises.
Contorno, retorno e lá vem
as cores camufladas nas palavras
veladas, mas cobertas
pela fumaça do arco-íris.
Sei que a vida, às vezes, se ressente de brilho
e o poeta carrega um rio nos olhos,
mas o poema! Ah! o poema!
No seu silêncio caloroso,
revela a resistência das manhãs de sol
e qual um chafariz no meio da praça,
parece dizer: - bom dia, aquarela!

Basilina Pereira